Passei a Páscoa de 2019 em Israel e, no domingo, fiz um tour para visitar Belém, a cidade onde Jesus nasceu. Belém fica a 10km de distância de Jerusalém.
Nossa van atravessou uma espécie de fronteira informal e parou. Esperamos outra van chegar.
A nova van era muito velha, os bancos riscados, alguns lugares sem bancos.
Nossa van não entrou porque israelenses não entram lá, só palestinos e turistas.
A Palestina é um Estado encravado no meio na região conhecida como Cisjordânia, atualmente no centro do território de Israel. Em 2012, 138 países o reconheceram como Estado Observador na Organização das Nações Unidas, com votos contrários de Israel e mais 08 países. Atualmente, o estado palestino encontra-se em um território pequeno e somente exerce o controle da Cisjordânia, através da Autoridade Nacional Palestina. Do lado oeste está o mar de Israel, do leste o Mar Morto e a Jordânia. E no centro, com seus acessos controlados por Israel, está Belém na Palestina.
A cidade de Belém é muito diferente das cidades israelenses que conheci. Ali parecia tudo abandonado, mal construído, mal cuidado.
Nossa guia Mariah era muito séria. Depois comecei a perceber que era sofrimento. Um sofrimento por não ter liberdade de ir e vir, ela nasceu naquele lugar sagrado, principalmente para os cristãos, e hoje os cristãos correspondem a 1% da população de Belém. Uma das explicações é que os muçulmanos casam com 20 anos e tem muitos filhos, enquanto os cristãos ou deixam o país ou casam depois dos 30 anos e tem, no máximo, 2 filhos.
Começamos o tour por Belém no Campo de Pastores, ao lado de Belém, em Beit Sahour. É considerado o primeiro lugar que recebeu o anúncio do nascimento de Jesus.
“Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho. E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo. Pois na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Lucas 2 (8-12)
Depois do Campo dos Pastores, fomos para a Basílica da Natividade, que é uma das igrejas mais antigas do mundo ainda em uso. Sua estrutura foi construída sobre o local a tradição cristã acredita que nasceu Jesus. Como os muçulmanos consideram Jesus como sendo o segundo maior profeta islâmico, o local é sagrado tanto para o cristianismo como para o islamismo.
Quem entra na Igreja da Natividade precisa passar por uma pequena porta, de um metro e meio de altura. Ela é chamada Porta da Humildade, pois para entrar onde Jesus nasceu, é preciso inclinar-se e, nessa atitude, conseguimos entender que precisamos ser humildes para entender o mistério de Sua vida.
Na sua homilia durante a Santa Missa da Noite de Natal de 2011, Bento XVI referiu-se a este acesso ao templo: "Hoje, quem entra na igreja da Natividade de Jesus em Belém descobre que o portal que outrora tinha cinco metros e meio de altura, por onde entravam no edifício os imperadores e os califas, foi em grande parte tapado, tendo ficado apenas uma entrada com metro e meio de altura. Provavelmente isso foi feito com a intenção de proteger melhor a igreja contra eventuais assaltos, mas sobretudo para evitar que se entrasse a cavalo na casa de Deus. Quem deseja entrar no lugar do nascimento de Jesus deve inclinar-se. Parece-me que nisto se encerra uma verdade mais profunda, pela qual queremos deixar-nos tocar nesta noite santa: se quisermos encontrar Deus manifestado como menino, então devemos descer do cavalo da nossa razão 'iluminada. Devemos depor as nossas falsas certezas, a nossa soberba intelectual, que nos impede de perceber a proximidade de Deus."
A estrela de prata, localizada na Gruta da Natividade, marca o local tido como ponto exato do nascimento de Jesus. Sua construção é finalizada no ano de 333, requisitada por Santa Helena, mãe do imperador romano Constantino. Atualmente a igreja pertence às Igrejas Católica, Ortodoxa e Armênia.
Ao lado da Basílica da Natividade está a Gruta do Leite. É a caverna que abrigou a Sagrada Família durante o chamado “Massacre dos Inocentes”. No lugar há um ponto em que se credita ter sido derramada uma gota do leite de Maria, enquanto ela amamentava, dando mais sacralidade ao local.
Estar no local onde Jesus nasceu, colocar a mão no local onde Ele nasceu é de uma emoção inenarrável. Eu só não desmaiei de emoção porque estava sozinha. Mas me deu uma vontade de chorar compulsivamente, chorar por aquela realidade, pelas pessoas que vão a um lugar sem saber mensurar a importância para quem crê em Jesus, chorar por eu não conseguir fazer daquele um lugar de respeito e veneração, chorar porque o entorno é perigoso, e porque a maioria das pessoas que estão ali se quer acreditam que Jesus nasceu ali.
Hoje não é mais uma manjedoura, é uma Igreja. A Basílica da Natividade. Para mim, o lugar mais sagrado do mundo, pois foi ali que Deus se fez humano, foi ali que tudo começou.
Fui ali que Ele nos deu a maior demonstração de amor, carinho, compaixão, cuidado, proteção e paz: seu filho Jesus.