Aos 10 anos ganhei uma viagem de avião de Brasília para Porto Alegre de presente de Natal da minha irmã. Como viajei sozinha, lembro que recebi várias recomendações do tipo: “quando o avião decolar você pode ter uma sensação ruim”, “se der turbulência não te preocupa que não é nada…”. Eu lembro que não estava nem um pouco nervosa, nem preocupada se o avião iria cair, porque eu estaria viajando. Voando! Aquela primeira viagem - sozinha - me fez tão feliz que ali eu entendi o que eu queria para a minha vida: viajar, viajar, viajar.

Deixei a casa dos meus pais no interior do Rio Grande do Sul aos 15 anos para estudar em Porto Alegre.

Aos 20 fui morar na Alemanha para fazer um intercâmbio na Universidade de Tübingen. Minha primeira viagem internacional, sozinha. Antes de sair, meu pai me deu um conselho: “quando você tiver um tempo sobrando vai viajar, a Alemanha fica bem próxima de outros países, aproveita que está pertinho e vai conhecer”. Eu, bem educada, segui seu conselho ao pé da letra: visitei 9 países e 27 cidades. Cada tempinho livre que eu tinha eu usava para viajar. Voltei falando alemão e inglês.

Aos 30 morei um mês em New York. Queria ser nova-iorquina nem que fosse por um mês. Guardei dinheiro por um ano para essa viagem, fui sozinha. Fiz um curso de inglês e muitos amigos.

Aos 40 fui morar em Londres, pedi afastamento da Universidade para fazer um ano sabático e um pós-doutorado na Queen Mary University. Foi aos 40 anos que eu decidi que iria mudar minha forma de viver: todo dinheiro extra iria ser destinado para viagens. Os hotéis viraram hostels, os amigos passaram a estar distribuídos pelo mundo, em todos os continentes.

E foi a minha melhor decisão. Sou apaixonada pelo desconhecido, pelo novo. Hoje, com 42 anos, já visitei 74 países, e espero conhecer todos. Esse hoje é meu objetivo de vida. E aqui irei contar um pouco da história e do sentimento de cada uma das viagens. Hoje eu coleciono países, amigos e histórias.