A primeira vez que viajei para o exterior foi com 20 anos, e fui sozinha. Eu estava na faculdade e fiz uma seleção para um intercâmbio na Alemanha. Fiquei eufórica no momento que soube que tinha passado em primeiro lugar e que ganharia uma bolsa de estudos para estudar em Tübingen. Essa experiência foi incrível em todos os sentidos. Eu saí da minha zona de conforto e precisei amadurecer de verdade.
Quando cheguei já me apaixonei pela Alemanha. Sempre tive o sonho de sair do Brasil, atravessar o Oceano e conhecer lugares novos. Nunca me preocupei com a língua - eu fui para Alemanha sem falar nem alemão e nem inglês. A comunidade brasileira fora do Brasil é imensa, e o brasileiro é incrível em todos os sentidos: quer ser amigo, ajudar, passar recomendações, facilita a tua vida no exterior. Eu fiquei extremamente feliz quando fizeram isso por mim, então procuro sempre fazer pelos outros, hoje em dia, quando estou em outros países e as pessoas têm dificuldade em se comunicar.
Mas não consegui ficar nessa situação de dependência por muito tempo. Quando mudei para o meu dormitório na casa de estudantes da Universidade, eu tive que aprender a me comunicar, porque eu adoro falar. Quem me conhece sabe que eu tenho necessidade de perguntar, de dar opinião, e eu ficava muito chateada quando alguém falava alguma coisa e eu não conseguia entender. Aí eu comecei estudar alemão e inglês.
Tive sorte de ficar em uma casa de estudante onde não tinha nenhum brasileiro, assim eu me forçava a aprender. Não foi fácil no início, eu deitava na minha cama e me perguntava: “O que eu estou fazendo aqui?”. No fundo eu sabia a resposta: era o começo de uma longa história de vida, de viagens, de descobertas.
Eu morava em um lugar chamado Kaserna, que era um prédio construído durante a Segunda Guerra Mundial e servia de moradia para os soldados. No meu andar moravam 12 pessoas que compartilhavam a cozinha e o banheiro. Éramos nós que tínhamos que manter tudo limpo. Eu retornei à Kaserna 20 anos depois, estava tudo praticamente igual.
Durante o meu intercâmbio de 10 meses eu fazia duas disciplinas na Universidade, estágio em um Laboratório de Genética, curso de alemão e também dava aula de português para os alemães que fariam o mesmo intercâmbio no Brasil. Se eu cansava? Não! No final do dia sempre tinha um convite para beber uma cervejinha com os amigos.
Antes de viajar, meu pai me deu um conselho: “Tati, quando der um tempinho, viaja para conhecer outros lugares e outros países”. Eu adorei esse conselho e segui ao pé da letra: nos finais de semanas e feriados, eu aproveitava para viajar. Como a Alemanha fica em uma região bem central na Europa, eu consegui visitar 8 outros países (Suíça, Áustria, Hungria, Reino Unido, Grécia, França, Itália e Holanda) da forma mais econômica possível, que pretendo contar para vocês nas minhas próximas crônicas.